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C.H.I.P.S.


estrelas: 8/10

VI este filme sem grandes expectativas. Esperava mais uma comédia aparvalhada sobre dois polícias que não se conhecem e não gostam um do outro mas acabam bons amigos após serem forçados a trabalhar em parceria. Com recurso a piadas fáceis, em larga maioria fazendo referência a sexo e obstipação.

Mas enganei-me!!
O filme CHIPS é muito melhor do que esperava.
Não me entendam mal: claro que, como comédia enquadrada numa investigação policial liderada por dois polícias, o filme engloba sexo e piadas fáceis. Mas não as considerei de mau gosto ou vulgares. É saber fazer humor de forma respeitosa, não deixando de recorrer aos mesmos elementos, mas dispondo-os de forma adequada. 



As personagens têm profundidade - não são superficiais nem os seus «problemas emocionais» ficam pelo óbvio que se resolvem em dois segundos de conversa «séria». Ambos os polícias, à sua maneira, têm personalidades distintas e credíveis, acaba-se por acreditar no processo evolutivo da amizade entre os dois.

Os vilões também têm surpresas e profundidade. Hurrai para o vilão-mor, que conseguiu fazer uns olhinhos de profundo pesar que comove qualquer um. Quero dizer: sabemos que ele é o «mau», que matou amigos e é ladrão, mas, ainda que o filme tenha recorrido ao mesmo pretexto para fazer com que o vilão procure a vingança (não vou dizer qual o recurso mas ao verem o filme vão entender que é cliché), não se sente como algo repetitivo. Senti a emoção da dor do vilão e isso é algo que qualquer um de nós consegue entender. Neste filme de comédia, não aprofundam muito o lado dos vilões, mas também não são desprovidos de alguma história e profundidade que se adivinha ao se conhecer essa história. 


Depois tem as situações em que os polícias se vêm inseridos. Também aqui acho que o filme está acima da média. Temos as típicas situações de perseguição policial e acrobacias «forçadas» no guião, mas que aqui acabam por encaixar um pouco melhor que o habitual. Ao contrário da maioria dos filmes do género, comédias que mostram violência e explosões, aqui as pessoas de facto morrem... Ou só podem ter morrido. O filme não se foca muito nesse aspecto mas, ao contrário de muitos outros tipo os que o Mel Gibson protagonizou com a Goldie Hawk, quando existem cenas de perseguição nas ruas ou em lugares públicos onde a vida de inocentes corre risco, não são só as roupas estendidas em varais e as bancadas de frutas que são albarroadas com um veículo em excesso de velocidade. Neste filme, as pessoas também são! O que seria bem plausível na vida real.

Existe até um momento - um momento de piada fácil mas que achei fantástica. Uma carrinha policial está em perseguição e ao dobrar uma esquina, está uma celebridade a sair de um automóvel com uma série de pessoas à sua volta. O embate é inevitável e dois homens com mochilas e máquinas fotográficas recebem o impacto e são projectados pelo ar. Uma fracção de segundo foi o que mostraram dessa cena, mas pessoalmente, admirei-a, fiquei assutada por me mostrarem algo que pode ter resultado na morte de dois inocentes mas gostei que a tivessem feito. SEM a seguir mostrarem os dois totalmente ilesos mas estendidos no asfalto, a fazer um manguito para a carrinha - como que a assinalar à audiência que não lhes foi incutido nenhum dano maior e por isso esta pode relaxar e continuar a ver o filme despreocupadamente.

A piada foi que a condutora do veículo, assustada pelo embate, pergunta ao polícia que está com ela:
-"Meu Deus! O que foi isso??!"
E este, olha para trás e ao ver o cenário com que se depararam, responde:
-"Ah, está tudo bem. São paparrazi".

LOL.
Muito bem metida! A piada... A crítica. A comédia, o estarem a dizer que a vida de paparazzis é insignificante pela actividade em si - não pela vida humana, claro está. 


Do todo, o que considero mais fraco no filme é a história policial de investigação que serve de base às personagens. O facto dos dois policiais discutirem os factos do caso em frente de um by-standart é muito cliché (um tipo de uma imobiliária que lhes mostra uma casa que foi habitada por um suspeito e abandonada). Quem é que no seu juizo perfeito ia dizer, ali, na frente de um desconhecido, o nome do suspeito, o que ele fez ou deixou de fazer? Mas pronto... foi o único cliché mais irritante do filme, no meu entender, e durou poucos segundos. Talvez quisessem encurtar o filme uns segundos com uma cena obvia e rápida como aquela.

As brigas e cenas de pancadaria estão muito bem feitas. A comédia física está muito bem planeada e o filme, neste e em todos os sentidos, é muito bem realizado. Parabéns ao diretor
Claro que uma cena memorável por estar bem feita é quando um dos heróis se vê numa situação de vulnerabilidade e precisa pedir ajuda ao colega. O tipo caiu e ficou sem conseguir se mexer. Tinha acabado de acordar, de sair da cama... e estava nu, pois dorme nu. Era uma situação que tinha tudo para ser feita e apresentada à audiência de uma forma cliché e sem grande credibilidade. Mas não foi. GOSTEI da forma e de como os outros assuntos se encaixaram. A informação que o espetador recebe daquela cena esclarece muito em termos visuais e é ali que vemos e acreditamos que a relação dos dois se cimentou na amizade.

E pronto. Vejam o filme.
É bem melhor do que seria de esperar.
Talvez passe debaixo do radar, mas vale a pena.

PS: Acabei de verificar que o site Rotten Tomatoes não recomenda este filme.
Talvez seja uma boa razão para o irem ver. Já que este site está cada vez mais bambo das pernas no que respeita à maioria das avaliações que faz. Já a audiência que avalia filmes no site, fornece uma apreciação três vezes mais elevada.



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