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A Medalha de Bronze (The bronze) - 2015/16


08 estrelas (10)

Bastou-me olhar para o poster deste filme para sentir que ia valer a pena ver. Não me arrependi. 

Ao invés de ter as suas bases assentes em comédia disparatada, com pouco sentido e altamente exagerada e caricata “A medalha de Bronze” assenta na mensagem. Descreveria a história mais como um drama pessoal, envolvendo uma personagem central mas também outras secundárias, contado de forma evolutiva e com humor. 

Hope é uma ex-ginasta olímpica medalhada em 2004 com bronze. Ficou famosa por se ter lesionado e ainda assim ter feito o exercício, o que lhe valeu o 3º lugar no pódio. Na sua pequena cidade Natal, onde ainda mora, ela é a vedeta. Não obstante, vive amargurada e revoltada com a vida, pois a sua carreira como ginasta terminou logo a seguir. Ela só sai à rua usando o fato desportivo das olimpíadas de 2004 e mantém o visual de uma ginasta: franjinha direita e cabelo preso num rabo de cavalo. Tudo à sua volta tem as cores nacionais, recordando todos o que ela já fez pelo país. Desde os elásticos para o cabelo, ao pijama, as canecas de leite e até a entrada para o seu quarto, local recheado tanto de medalhas e troféus, como de peluches. 


Os estabelecimentos locais têm uma foto dela afixada na parede e ela espera receber tratamento especial, como por exemplo, não pagar pela refeição no “MacDonalds” local. Até a marijuana que fuma não é paga, ela espera que lhe seja dada devido ao estatuto de estrela de ginástica. Mimada e verbalmente abusiva, Hope vive com o pai, a quem dá pouco valor e menospreza. Quando lhe convém faz questão de relembrá-lo que perdeu a mãe aos seis meses de idade, uma chantagem emocional que não escapa à inteligência do pai. Ela também o rouba, ou melhor, aproveita-se deste ser um mero carteiro, arromba-lhe a carrinha com a correspondência e abre tudo o que contém dinheiro. O pai percebe e tenta chamá-la à atenção. Quer que ela reaja, arranje um trabalho, deixe de estar presa no seu passado de estrelato. 

É aí que a sua ex-treinadora, dona de um ginásio, comete suicídio. No dia a seguir o pai de Hope entrega-lhe uma carta da ex-treinadora... E a vida de Hope começa a mudar. Gradualmente, vê-se forçada a treinar a próxima grande promessa em ginástica, uma menina que, se tiver sucesso, vai substituir Hope nos corações do povo da cidade e privá-la do que ainda lhe resta: as suas regalias de estrela local. O que irá Hope fazer?


O filme está bem feito, assenta numa boa história e espelha bem o mundo da ginástica competitiva. Pelo lado da importância do estatus, pelo lado da fama, do trabalho, dos treinos, e da personalidade. Tem uma cena em que Hope ensina a sua pupila a importância de parecer graciosa em cada gesto e sorrir, pois as câmeras estão a registar cada detalhe e os patrocínios obtém-se pela simpatia. Um primor, numa crítica psicológica que não é exagerada nem vulgar. Tem ainda o bónus de mostrar que Hope ficou muito atrás nos seus estudos, faltando-lhe conhecimentos até rudimentares, pois a sua infância foi dedicada à ginástica e coube ao pai, cheio de boa vontade, ensiná-la em casa o que se aprende nas escolas.


Com uma memorável cena de abertura – que pode chocar os mais sensíveis, o filme resume tudo o que acabei de escrever em poucos minutos. Foram precisos muitos mais para reconhecer Melissa Rauch, que faz de Bernadette na série a Teoria do Big Bang, como a intérprete de Hope. Mas sobre cenas memoráveis o filme ainda nos reserva a cena de sexo... Para elogiar também fica o impressionante trabalho de praticamente não se notar o uso de duplos para as cenas de ginástica ou... outras.


O filme aposta na linguagem ordinária, mas não é ordinário. Para quem viu filmes com Adam Sandler - qualquer um, mas em particular o último “The Do-Over”, este não é esse tipo de filme. “A medalha de Bronze” consegue estar vários patamares acima e pertence a outra categoria totalmente diferente. É um filme com uma história, onde todos os personagens têm profundidade, mesmo todos. O que, no panorama de comédias parvas de Hollywood, é refrescante e digno de medalha de ouro.

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