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Deuce Bigalow - um gigolo na Europa


O filme acabou de passar no canal AXN Black e mais uma vez foi rir do princípio ao fim.

ADORO este filme. A razão é simples: faz-me rir e aprecio o estilo de humor.
Para minha surpresa um site como o Roten Tomates avalia (o primeiro filme) como algo que jamais devia ser feito. Diz que é o pior de sempre e que não faz rir. Oh, não podiam estar mais equivocados. Pergunto-me então o que para estes críticos faz rir e vale a pena ver. Porque do conjunto de filmes-porcaria do género que existem por aí, tantos e tantos que até conseguem um bom dinheiro de bilheteira são terrívelmente maus de assistir. A dar na TV num canal que nem prestei atenção e logo mudei estava "Ali G". Um filme que infelizmente fui espreitar no cinema e ainda no início quando passava o genérico já me arrependia de estar a ver. Continuei e só comprovei a sensação.

Pelo que se querem um termo de comparação do que considero um bom filme de humor deste género e um que considero bosta, aqui o têm.

Porquê Deuce Bigalow um gigolo na Europa é um bom filme?

1- Excelentes interpretações
2- Excelente timming (nada fica no ar por mais tempo que o necessário)
3- Excelente guião
4- Excelente sequências
5- Excelentes trocadilhos
6- Excelente entroncamento da moral com o preconceito



Sinopse à tuga:
À semelhança de qualquer profissão de prestígio e de grande notoriedade pública, a profissão de Gigolo é retratada como se todos os membros fossem actores de primeira estripe na passarela vermelha de hollywood. Têm um sindicato e competem entre si para receberem um prémio de melhor "pau" no festival que se realiza todos os anos. A estatueta é em tudo semelhante aos Óscares: um homem dourado mas tem uma pequena protuberância à las "Caldas", se é que me entendem.

Mas isso é só um detalhe (que até é bem aproveitado no filme) entre muitos que dá consistência e interesse ao humor da história. TJ Hicks (Eddie Grifin) é o suspeito de ser o assassino em série que anda a matar os prostitutos (humoristicamente referidos como she-whore - "homem-puta" na tradução que vi agora no filme). Ele é um gigolo que acaba sempre por se encontrar com os cadáveres assassinados pelo verdadeiro assassino momentos antes do acto consumido. E sempre que o faz, parece estar particularmente interessado naquela parte particular da anatomia masculina. Aquela, sabem, que os faz "famosos" e muito solicitados.

Claro que por aqui parece algo já tão batido... Mas o filme consegue tornar toda a sequência tão natural que não é isso que se pensa quando se vê as sequências. A interpretação é soberba - realmente soberba. Não só deste como de todos os actores e actrizes. A actriz (Hanna Verboom) que faz de namorada da personagem principal (Deuce Bigalow) entrega uma prestação soberba. Claro que não sabia quem ela era e tive de pesquisar. Pesquisem também porque se trata de uma figura multi-talentosa o que, aliás, fica nítido no filme. O papel de gigolo no filme obriga a que TJ Hicks use vários disfarces ao longo da trama e isso torna tudo ainda mais hilário e é aproveitada a oportunidade para incluir várias piadas - muitas sobre a profissão de gigolo e outras tantas sobre preconceitos e tabus sobre a cor de pele, e todas caem muito bem nas cenas. No final reparei agora numa piada que até achei piada: os prostitutos masculinos, para se "fazerem grandes" colocam "enchumaços" nas partes íntimas para parecerem mais másculos. Numa determinada cena todos se denunciam e removem os referidos apêndices. Um tira um enorme pepino mas um prostituto asiático, no qual já existiu referência sobre a constituição física, tira para fora algo parecido a uma chiclete. Fartei de rir! Mas o filme conclui através da sua trama, que o tamanho não importa. Para satisfazer uma mulher é preciso é possuir outras qualidades :)

É um bom filme. Vê-se todo de início ao fim sem nos darmos conta do tempo a passar.

Pernell Roberts


Infelizmente o mundo não recorda todos os artistas nem todos os grandes talentos da mesma maneira. Os mais conhecidos costumam ser aqueles que "arrebentam" na TV ou seduzem no cinema. Muitas vezes ao lado destes existem actores mais experientes, mais talentosos e com um maior leque de capacidades artísticas - que se eclipsam diante de outros talentos que surgem com um rosto mais bonito ou mais carismático, ou uma novidade.

Talvez tenha sido, talvez não, o caso de Pernell Roberts - actor que a pesar de estar descontente com o rumo da sua personagem e ter deixado a série assim que possível por contrato, acabou por não cair no esquecimento exatamente por ter retratado na TV "Adam", um dos irmãos Cartwright na série BONANZA.

Vamos recordar?


O actor e cantor faleceu em 2010 da mesma doença que vitimou o seu co-companheiro da série Michael Landon em 1991 - cancro do pâncreas - doença também responsável dois anos antes pelo desaparecimento do actor Patrick Swayze, que havia perdido o pai para a mesma doença com a mesma idade. E para que se perceba o quanto o cancro (câncer) foi uma doença que apanhou muitas pessoas e artistas da geração dos cigarros, bebida e drogas - imagem tantas vezes promovida pelo cinema da época como um elemento de glamour e machismo, Lorne Greene que fez o pai Cartwright na série Bonanza também faleceu de complicações de um cancro, assim como Merlin Olsen (Uma casa na Pradaria RIP: 2010) e Victor French (Um Anjo na Terra RIP:1989) - actores e colegas de elenco de Michael Landon. 



Jerry Orbach

Lembro dele pela forte presença no papel de um criminoso em F/X - efeito mortais, filme no qual é feito uma máscara real do seu rosto. Lembro também de ser ele a dar uma excelente interpretação do pai de "baby" no filme Dirty Dancing - gostando particularmente da forma como transpõe a sua profissão de médico sempre correcto mas que quase falha quando moralmente algo o destabiliza. 
Infelizmente, foi ele que teve de entregar a frase mais PIROSA do filme:
 "I know it wasn't you that nock up that girl".

Jerry Orbach era o nome do actor. 
Vamos recordar. 


O actor doou as córneas após o falecimento e a ele prestaram uma rara homenagem na Brodway, por onde andou vários anos ao longo da sua carreira: diminuíram as luzes dos letreiros em lembrança da sua vida e do sentimento de perda artística.

Ester Williams faleceu




Aos 91 anos, a "sereia de Hollywood" faleceu no passado dia 6 de Junho
Eu nem sabia que ainda era viva, esta  artista que fez parte dos glamorosos Anos Dourados do cinema de Hollywood (30/40), nomeadamente os estúdios MGM.




Será que mais alguém ainda está vivo?
Tirando Olivia de Havilland - que fez de Mellany Wilkes no filme "E Tudo o Vento Levou" (1939) - ironicamente a primeira personagem a falecer no filme, a geração ANOS DOURADOS de HOLLYWOOD é uma espécie mesmo à beira da extinção. Estamos a assistir à luz das últimas estrelas a se apagar...



NOTA:
Olivia é irmã mais velha de outra conhecida actriz dos anos dourados de Hollywood de nome Joan Fontaine (Rebecca - 1940). Ambas estão vivas, tendo nascido em 1916 e 1917 e pelo pouco que se sabe desta relação sanguínea, não se devem dar bem sendo rivais de profissão. Estarão a competir entre si para ver quem sobrevive mais tempo?).


Mais alguém se recorda de um nome de uma estrela dos ANOS DOURADOS de Hollywood que se mantenha firmemente vivo na terra?


O que faz um bom actor?



Eu era apenas uma criança e Marlon Brando era apontado como um grande actor de créditos firmados. E esse actor fez o Kar-El no filme "Super Homem", que ia agora estrear na televisão. A fama do "grande actor" antecedeu a exibição e "tomou conta" da propaganda ao filme, protagonizado por um tal de Christopher Reeve, actor menos conhecido e de quem poucos falavam. Era Brando, o mítico, o grande. Brando, Brando, Brando! Uma honra para qualquer director.

Vi o filme e embora tenha achado a prestação forte, não foi este papel o suficiente para poder partilhar da opinião "universal" de que estava diante de um fenómeno à parte de qualquer outro na arte de representar. A reputação de Brando era antecedida por tãos largos elogios e rasgação de seda que é normal que se espere um desempenho para além das expectativas (pobre Brando, pobres artistas assim tão famosos...)

Brando não fez muitos filmes - pelo menos que surgissem na TV com regularidade. Mas fez dois ou três que valem, em reputação, como se tivesse feito uma centena. Um desses foi o mítico (é só miticismo) Apocalipse Now. Quando o vi naquele papel, perguntei a mim mesma porque carga de água estavam a endeusar aquele artista e a enobrecer tanto assim o seu papel e o seu imaculado desempenho. Metade das vezes nem entendia o que ele estava a dizer. A voz saía como um murmúrio e a interpretação física era um tanto limitada pelo facto de quase não o ver, tal é a escuridão no filme, e no facto de este estar simplesmente sentado, a entregar as falas. Não que tivesse falhado, mas não achei que toda a aurea que o rodeia fosse realmente merecida.

A indústria e as pessoas é que criam a popularidade dos actores e os que querem que se destaquem. Normalmente existe um denominador comum: a beleza. Aquele que exercer o maior poder de sedução/intriga, aquele que conseguir fazer suspirar a mulherada na plateia do cinema, faz os homens desejar ter a sua pinta e é um fenómeno de vendas, será o actor/actriz onde a indústria vai apostar com mais afinco. Existe uma reputação a criar e um status de super-estrela a atingir. Existe DINHEIRO em vista.

Brando tinha dinheiro. Muuuuito dinheiro. Ele vivia numa ilha, que comprou nos anos 60, se não estou em erro. Mas morreu na miséria, isolado e sozinho - conta a mesma imprensa que o endeusou. Os problemas familiares não lhe foram em conta pequena: um filho ficou anos presos por assassinato, insinuações de incesto e um suicídio. Ao morrer, pareciam todos urubus atrás da carniça, todos querendo um pedaço, o maior pedaço possível da única coisa que Brando conseguiu ter em quantidade e ser invejado por isso: dinheiro.

Brando é usado no cartaz como chamariz.
Vivien Leigh não aparece, nem qualquer outro actor.
Ontem vi "Um electrico chamado desejo". Este filme de 1951 foi "O filme" que fez TUDO pela carreira de Brando.  Brando ficou conotado como um sex-symbol devido à personagem. A sua aparência agradou as mulheres da década de 50, que começaram a suspirar com a sua simples presença no ecrã. Ao se depararem com aquela imagem com quem fantasiavam, em camisa interior, fantasiavam ainda mais. Ainda por cima era um bruto, que ás tantas na história ataca a cunhada. A mulherada nascida no princípio do século XX deve ter suspirado muito! Ainda hoje pode-se observar o quanto o papel de bad-boy (neste caso bad marido) na sua camisa interior branca de cavas (um acessório sexy só mesmo naquele tempo...) com os músculos a sair por fora, lhe trouxe fama. Em episódios como "os simpsons" fazem-se ramanescencias ao papel, mostrando o sempre calmo Ned Flanders invulgarmente bruto a rasgar a sua camisa de cavas em frangalhos, exibindo uma super-musculatura e a gritar o mítico (já avisei que este post tem muito miticismo) grito que encerra o filme "Steeeeela"!!!. 

E Marlon Brandon foi assim lançado. Tinha a beleza certa. A questão é que lhe apontavam e muitos ainda o apontam, como um actor maior que os outros. Com um talento que ia além de qualquer outra pessoa. E agora que os ânimos se acalmaram e a mulherada já não se deixa seduzir tanto pelo aspecto, os homens não querem mais ser como ele e os artistas largam o "miticismo" que rodeia a figura, vejam então com olhos "virgens e honestos" o talento de Marlon Brando.

É mesmo extraordinário? 

Não acredito em super-estrelas. Ah, eu sei que muito talento existe. Mas que este seja algo muito acima dos demais que têm menos sorte em serem conhecidos é que me fere a inteligência. Até o mais talentoso dos actores tem, por vezes, momentos em que não consegue "pegar" na personagem. Não existem infalíveis nem ninguém é muito superior aos restantes. Melhores sim, superiores já é outra coisa. 

Os músculos que fizeram suspirar plateias
Ao rever o filme "Um eléctrico chamado Desejo", estrelado por Vivien Leigh, reparei que mal conseguia perceber o que o Brando estava a dizer. A sua pronuncia nunca foi lá essas coisas. Tinha qualquer coisa na dicção que a tornava deficiente. Qualquer outro teria nisto um desgraçado handicapt mas em Brando foi uma vantagem. Porque aliado ao resto, ao tom de voz grave e à aparência atraente, tornou-o especial. Mas será isso especial por ter talento ou especial por reunir um conjunto de características extras que são sedutoras?

Ao longo da sua restante vida, este "mítico" actor fez pouco cinema. O que fez não é muito referenciado ou lembrado. Ficou essencialmente conhecido pelo seu papel como marido da irmã da cunhada Blanche Dubois neste filme "Um eléctrico chamado desejo". Entrou no "super-homem", "O último tango em Paris", "O padrinho" e em "Apocalipse Now". Acho que estas obras são, a bem ou a mal, as que servem de referência para definir a carreira do actor, sendo que algumas mesmo assim se eclipsam da memória curricular do espectador comum. Também fez "A ilha do Dr. Moreaux" mas digamos que o filme não causou sensação, pelo que convém até "ser metido na gaveta" para se continuar a agraciar e a elogiar sempre o mesmo...

Mal saiu dos anos-dourados, a figura de sex-symbol de Brando começou a desvanecer. A carreira foi junto mas o miticismo já estava criado. Seria para sempre um grande actor, com o qual um director suspirava para trabalhar. Faziam-lhe convites e se fossem aceites, era uma honra, que não se achavam merecedores. Tal era a vassalagem. Só que Brando já não era bem a mesma coisa. Tinha, segundo alguns dizem, dificuldade em memorizar as falas. (Mas alguma vez a teve?) É reportado que para o filme "Apocalipse Now" estava com tantos problemas que a sua actuação-chave, sentado na penumbra a recitar as falas - considerado o ponto alto da sua prestação no filme - não passou de uma decisão de última hora do director, devido às crescentes dificuldades. Bradon não acertava com aquilo e tiveram de lhe debitar o texto. 

E eu sempre me interroguei porquê o espanto e porquê tanto "endeusamento". Porquê? Porque vi o "making-off" do filme "Super-Homem" e neste fiquei a saber que o actor NUNCA memorizava as falas.  Um pobre-coitado tinha de andar a colar em partes despercebidas do cenário papéis para Brando ler, outro andava à frente do actor com enormes cartazes com as falas, para que ele as pudesse interpretar. Marlon Brando não se dava ao trabalho de memorizar as falas, fiquei CHOCADA!! Mas quem era ele a mais que os outros? Se qualquer outro actor tem de memorizar texto, porquê não ele? Assim também eu conseguia. 

Muitas vezes me interroguei se a prestação de um actor sai prejudicada com ensaios ou repetições de takes. Se aquela primeira interpretação, mais genuína e fresca, não é a melhor de todas. Mas será que ser um verdadeiro actor não é conseguir «entregar» sempre e quantas vezes forem necessárias? Brando tinha a vida "facilitada". Ele sentia a personagem e ia lá com base na interpretação do momento. Se existe alguma diferença como actor entre ele e qualquer outro, não reside esta num talento especial nem em qualquer outra coisa senão esta: ele fazia na hora. Lia e interpretava.

TODO o cenário de "Super-Homem" tinha CÁBULAS espalhadas estrategicamente longe da vista das câmaras, onde algum assistente de produção escreveu as falas de Marlon Brando. Este era um mestre, isso sim, em ler as mesmas enquanto se passeava a repeti-las. Existiam papéis no abatjour do candeeiro, nas costas de um sofá, um coitado de um assistente andava fora do set mas na frente do actor com um cartaz enorme com as falas para que as pudesse ler. Enfim. Acho que toda a carreira de Brando foi assim. Diferente das demais não por um especial talento, mas talvez, pela falta de uma característica dele.


E QUEM era o HOMEM Brando? Não se sabe. Eu pelo menos não tenho bem ideia. Criou-se o mito, esqueceu-se o homem. Para mim tinha as suas inseguranças. Deixar a sua boa aparência desvanecer até virar um super-obeso revela inseguranças e revoltas. Para mim, Brando sentia um certo desprezo pela bajulação e por ser glorificado pela sua boa pinta. Mas ao mesmo tempo que gostava de poder dispensar todas as atenções que lhe davam e toda aquela bajulação que sempre o cercava fosse onde fosse, momentos existiam em que também sentia falta e precisava um pouco dela. (coisa de artista). A vontade de contrariar, de ir contra a sua imagem de sex-symbol e o star-system não o devia desagradar, embora a sua aparência por vezes o deixasse triste e o fizesse sentir repugnância por si mesmo. (devia ter ido para psi, não?). Activista como muitos jovens com ideias são, julgo que deve ter sido muito difícil conviver com ele. De outro modo como justificar a disfuncionalidade da família que gerou? 


Quando as pessoas não se conhecem a elas próprias porque a ideia que os outros fazem delas atrapalha esse auto-conhecimento, dificilmente estão aptas o suficiente para se darem aos outros. E Brando, tal como qualquer outro mega-artista, se não conseguisse separar QUEM ele era da IMAGEM que criaram para ele, ficaria sem chão, sem eixo. Não sei se foi o caso mas mesmo que tivesse mantido esse eixo, certamente não seria fácil lidar com a imagem que os outros projectam de ti e as respectivas expectativas. Todos temos bons e maus momentos e até o mais seguro de si acaba por ter momentos de inseguranças. O receio de não corresponder aumenta, o medo de falhar toma conta. E a bebida muitas vezes entra em acção...

Em "Um eléctrico chamado desejo" que vi ontem na televisão, comecei a perceber o talento da actriz que fez de esposa de Brandon mais que qualquer outro. Kim Hunter* interpretou com muita autenticidade e sem grandes exageros a sua Stella, mas nos créditos finais o seu nome não aparece tão destacado quanto os outros dois, como que já a colocar-se uma barreira entre os actores. São os papéis por vezes menores mas entregues com menor teatralidade, que o tempo revela serem deliciosos. Porque cada década tem o seu quê de "piroseira", a sua própria linguagem. Tal como antigamente era comum fazer um pouco de over-acting, com maneirismos exagerados, beijos de selinho como o expoente da paixão, desmaios imediatos de moças emocionadas e explosões de fúria repentina, décadas depois esses "maneirismos" da linguagem visual deram lugar a outros. As "explosões" de fúria são antecedidas por uma "antecipação" crescente, os beijos são de bocas que quase se devoram uma à outra e metem muita língua, ninguém mais desmaia por qualquer coisa e em várias situações é possível prever como uma personagem vai reagir e até mesmo dizer. São coisas de GERAÇÕES. Marlon Brando pertencia à sua. Claro que os que vieram a seguir, nascidos e educados noutros contextos sociais, pertencem a outra, têm outros métodos. Mas todos adquirem formas de se expressarem típicas da época em que vivem. E por essa razão é que não adianta COPIAR o estilo de ninguém. O que funcionou no passado com um determinado tipo, não irá funcionar num contexto diferente da mesma forma. Existem sempre alterações e diferentes resultados. 


A autenticidade parece-me o caminho a ser seguido. Para Brandon essa autenticidade pode ter surgido da sua incapacidade de memorização de falas. O seu "miticismo" provém deste seu handicapt. Mas praticamente todos os actores pelo mundo a fora memorizam suas linhas ou têm-nas a ser debitadas por um aparelhozinho a que se chama auricular. Julgo que Brando ainda chegou a experimentar este facilitismo da tecnologia moderna... Se não o experimentou, aposto que desejou muitas vezes experimentar!
É curioso também estudar a reacção das pessoas a um mesmo acto. Hoje um actor que interprete seus papéis com um auricular no ouvido pode ser severamente desprezado pelos pares que, se forem de um "grau de estrelato" menor, a sua revolta de nada vai influenciar o resultado final. Mas esses mesmos actores que hoje criticam os pares que recorrem ao auricular, são capazes de endeusar o sr. Brando e apontá-lo como o melhor actor de todos os tempos. Ignorando o facto do "ídolo" ter também usado, a vida toda, "auricular".


O que faz um "bom actor" não é só ser-se um bom actor. Muitos actores têm desempenhos brutais ao lado de grandes estrelas, e são relegados devido à cegueira alheia que tal pode provocar. O factor sorte, timming e aspecto físico contam muito. Os interesses da indústria contam muito. É o mesmo princípio que se aplica a qualquer profissão, mas mais ainda nas que consistem em exposição pública. Talento não é tudo, pode até ser uma ínfima parte da questão. Para se ser um bom actor basta 20% é talento, 70% de trabalho e 10% da melhor sorte que se poder ter na vida! 

Depois também há aqueles actores cuja percentagem de talento é de 70%, trabalho é de 30% mas lhes falta o resto. 

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Carregar na imagem para
uma interessante matéria
onde por casualidade a actriz
menciona o que faz uma pessoa
virar uma super-estrela.
*Kim Hunter, fiquei agora a saber, tal como os restantes do elenco, já interpretara Stella nos palcos da Brodway, sendo que o filme foi a filmagem dessas actuações (lá vai a "teoria" de que a repetição pode «danificar» a autenticidade). Por este papel cinematográfico ganhou um óscar e um globo de ouro. Também foi ela a intérprete principal da comunidade de chimpanzés no filme "Planeta dos Macacos", com Cherleton Huston, no papel de Zyra

JAWS - Tubarão - visto pela primeira vez HOJE



Devo confidenciar que um dos maiores gostos que tive recentemente foi poder dar este filme a ver, pela primeira vez, a uma criança de 13 anos. Não, não comecem já a atirar pedras porque decerto sabem que as crianças de hoje estão expostas a coisas bem mais dinâmicas, gráficas e específicas que um tubarão e algum sangue. Sabia que não ia ter pesadelos :) Não como eu... que quase os tive na idade dela ao ver um filme do conde Drácula e depois O EXORCISTA!!


Falei-lhe um pouco do filme e a decisão de o ver foi dela. Tanto que mo lembrou numa ocasião meses depois da conversa. Numa altura em que as crianças têm acesso a tudo tão rápido, conseguem até ver filmes e séries que ainda não estrearam no nosso país (sim, é verdade), andam com tablets na carteira e mais não-sei-o-quê, agradou-me que ainda não tivesse visto O Tubarão. E o viu comigo, pela primeira vez.

A ocasião foi ainda melhor porque, sem saber onde tinha o filme no formato digital e sem o ter encontrado em nenhum disco, decidi ir buscar o velho VHS para o visionar em cassete. Gravei-o da TV na década de 80, naquela que deve ter sido a primeira exibição do filme na TV.


Ver o filme neste formato de película, com a cor certa, meio que sumidas pelo tempo, com aquele "cheirinho" de imagem analógica, é ainda mais maravilhoso. Mas sabendo que a criança nem sonha o que foi uma tecnologia anterior à actual, avisei-a que podia estranhar a fraca qualidade, a granulação. 

Qual quê! Ela adorou. Vibrou com as cenas, ia fazendo perguntas sobre se alguém ia morrer ou não. 

Não a bombardeei de histórias que sei sobre o filme. Não lhe revelei as cenas. Quis que o descobrisse sozinha. Só fiz questão de lhe chamar a atenção para pormenores mais importantes, como aquele que, para mim, era essencial que soubesse: a música. 

Havia utilizado os acordes da melodia composta por John Williams num curto filme caseiro tendo-a como protagonista. A intenção era ironizar e simular pânico. Perguntei-lhe se percebia o quanto a música que abre o filme com o genérico já nos põe a sentir que algo não está bem e nos deixa algo alarmados. Ao longo da brilhante edição do filme, a melodia teve momentos muito seus.


A criança viu o filme todo e gostou. Havia-lhe dito que fizeram mais sequelas, mas que nenhuma era muito boa, que aquele é que era "o" filme. Ela quis ver os outros todos. Deu sorte. Uma sorte tremenda. Porque sem eu saber, estes tinham sido apresentados na TV durante a semana anterior. E tendo a "linha do tempo" disponível - outra vantagem da tecnologia dos dias de hoje -  foi possível regredir na exibição dos mesmos e ela conseguiu ver os filmes Tubarão 2, 3 e 4! Envolvendo-se na história, concordando nas partes realmente muito mal feitas de um em particular (não sei qual, são quase todos pavorosos), torcendo para que o filho de Brody não fosse "comido" pelo tubarão...

JAWS - original, é um filme que consegue ser intemporal. Ainda se mantém um obra boa de se ver mesmo quase após 40 anos da sua produção. Com todo o progresso na tecnologia, e com todos os estilos novos de direcção, edição e fotografia. Isso se deve ao trabalho de equipa. Um filme onde todos contribuíram e todos participaram nele para ele, e não para promoverem carreiras ou porque não tinham um outro melhor para fazer... (acho). Quando todos podem opinar, boas ideias surgem e cria-se um marco.
 
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